segunda-feira, 24 de novembro de 2008

It's All About Music

Acredito que a música molda a personalidade.

Sim, e o faz de maneira impressionante e bastante perceptível, para aqueles que prestam atenção. Não estamos falando de classificações e tribos urbanas, como, "forrozeiros", "metaleiros", "sertanejos", e coisas afins. Falamos da função primordial da música, que é a de nos fazer sentir bem, independentemente do tipo de música que ouvimos. As escolhas que fazemos em relação à tudo aquilo que adentra pelos nossos ouvidos nos fazem pessoas, no mínimo, mais diferentes, e isto repercute não apenas dentro de sua própria cabeça, mas também no seu círculo de contatos sociais, e até mesmo em sua saúde mental.

Falemos, pois, de algumas considerações genéricas. Em primeiro lugar, se você gosta de ouvir um tipo A de música, é provável que você também se relacione com pessoas que também gostem de ouvir A. Dessa forma, a probabilidade de vocês irem à um evento ou ambiente em que a música A seja freqüente é bastante considerável. E é, dentre outras coisas, à partir dos lugares que você freqüenta e das pessoas com quem você anda que sua personalidade vai sendo construída.

Quando alguém fala que é eclético, e que ouve de tudo, minha primeira reação é de descrença. Simplesmente porque se tudo entra em seu ouvido, e você a tudo gosta, então ou você é completamente indiferente à música (coisa, devo dizer, bastante triste), ou você realmente tem um ouvido que é um terreno baldio. Claro que existem pessoas maravilhosamente ecléticas, mas até para elas existem limites. Inclusive, considero muito interessante conhecer pessoas com uma vasta biblioteca musical na cabeça. Mas dizer "Sou eclético, gosto de forró à axé, de pagode à funk", perdão, mas isso não é bem o que se pode chamar de eclético...

Há ainda aqueles com instintos tribais e fanáticos, que só ouvem um único tipo de música, e de quebra, ainda menosprezam e até odeiam as demais. Isso é comum, e só pra citar um exemplo, prático, alguns entre os "metaleiros", que se autoproclamam como tal e tecem sanguinárias críticas à gêneros musicais mais populares, como o pagode. Ok, o inverso também existe, mas só pra alertar os simpatizantes: gosto muito de ouvir metal. Não ouço com freqüência músicas de pagode. Mas, já ouvi muito heavy metal horrível, e músicos de pagode realmente admiráveis. Na dúvida, ao invés do rótulo, escolha a boa música, que há em todos os campos. É bom não deixar que a má música feita sob um ou outro rótulo deixe uma má impressão generalizada; assim como poucas coisas no mundo são absolutas, certamente a necessariedade da relação entre gênero e qualidade musical também não o é.

E o que é boa música? Creio que seja o tipo de música que você ouve que atiça ou não sua imaginação, que te traz sensações e energias que tipos B ou C não provocam. E é justamente essa explosão de energia musical que te faz gostar do tipo A ou B. Certamente, nem sempre é tão violento quanto uma explosão, pode ser através daquela tranqüilidade cerebral, aquele gosto de quero ouvir de novo, ou mesmo a terna sonoridade da boa música. Tanto faz. Tanto faz também o tipo de música. Pode ser A, B, C, ou mesmo BCA ou ACB, misturando tudo, porque eu acredito que, o que de fato importa, não é propriamente aquilo que se escuta, mas sim o quanto ela te faz ir do êxtase ao desespero, da angústia à euforia, da saudade à obstinação: afinal de contas, é a música a mais intensa das artes.

6 comentários:

Nalí disse...

Eu gostei da análise que você fez mas não concordo com a conclusão. Se fosse assim, ou somente assim, "boa música" seria algo totalmente relativo, o que não creio que seja. Acho que qualificar uma música de boa, teoricamente, tem mais a ver com a parte técnica: a música que é mais bem trabalhada dentro do seu estilo.

H. disse...

Bem, nesse caso você deve se referir ao fato do quão bem a música é elaborada ou não, mas aí observaremos duas referências: a que eu propus, o do ouvinte, e a sua, a partir do ponto de vista do músico, que as compõe.

Ou será que não?

Sonata Arctica disse...

Não existe isso, Hális.
Não existe música q molde melhor a personalidade nem música q molde pior ela, muito embora certos pesquisadores queiram provar o contrário (se bem q eles querem provar q a raça branca é geneticamente superior, né? =p)

Eu conheço uma pessoa 100% filho da put que escuta exatamente as mesmas músicas que eu, e é nesses exemplos q eu me baseio ao achar q música não molda nada.

E por sinal, personalidade é algo que pode ser percebido ainda nos primeiros anos de vida, logo não é variável de acordo com a música ou mesmo a qualidade da música q o kra escuta.

Van Derance disse...

Concordo que a música influencie na sua personalidade, mas o "grau" dessa influência varia muito, inclusive com o "grau" de importância que a música tem na sua vida. Ela influencia em alguns aspectos, sim, mas a personalidade é algo extramamente complexo, como Hális bem o sabe, isso é uma pequena porcentagem do todo, e "melhor" ou "pior" é relativo e muito abrangente.

Quanto ao conceito de boa música, é uma discussão eterna envolvendo esses pontos de vista que vocês levantaram. É que nem futebol e religião.

Mas a imagem de Jimmy Page (vulgo, Deus) já valeu o texto todo! =D

Felipe. disse...

Discordo um pouco de sua teoria, apesar de achar que ela foi muito bem fundamentada e possui alguns argumentos bem convincentes.
Não creio que seja a música em si que influencia no modo de agir, pensar ou sentir de uma pessoa, mas sim os indivíduos que as acompanham. Mas a música, de certo modo, pode influenciar nisso também.
Como você mesmo disse, a música pode trazer novas companhias que gostem de um mesmo tipo de música a uma pessoa, mas o que garante essas companhias sejam um bando de maus caráteres (creio que errei em algum ponto nessa palavra ¬¬) ou um grupo de pessoas generosas e de realmente confiáveis? Não creio que a música consiga fazer isso. Em todo mundo, em todas as "tribos urbanas" (argh, como eu odeio esse termo), em cada esquina, (enfim, em todo lugar) existe gente boa e gente perversa. Cabe ao indivíduo em questão escolher suas amizades.
Mas concordo com o comentário sobre a boa música.
Existem bons artistas em praticamente todos os gêneros musicais, basta saber procurar.

p.s. - Se você quer algo que brinque com as suas sensações, recomendo a você o álbum "Oxygène" (partes 1 a 6) de Jean Michel-Jarre. O jeito que ele brinca com sua audição e provoca diversas sensações é simplesmente genial =X.

Felipe. disse...

p.p.s. - Eu excluí completamente as músicas com algum sentido ideológico (por mais imbecil que ele seja), como NSBM e etc. Nesse caso, sua teoria está certíssima, eu creio.